terça-feira, 21 de julho de 2009

O parto - Parte II (ou Os desencouraçadores)

Foi coisa de história de verão. Rede, sol, mar, balancei a imaginação: "Pai, olha só que legal, a Anistia faz 30 anos este ano, por que não fazemos uma amostra dos quadros que você produziu na Ilha?" "Oh, que beleza, não tem uma coisa mais nova não?". A piada virou provocação. O que é que pode ser acrescentado nessa história de exposição, que aglomera, que diga mais, do que é que eu realmente gosto, o que falta pra aquecer em Aracaju? A palavra.

Juntar Artes Plásticas e Literatura. Agora era isso.

Os desencouraçadores das histórias das telas são nove. Uns viveram a ditadura militar, vibraram com a Anistia, escribas que cantaram as pessoas na sala de jantar, alguns bêbados, tantos equilibristas. Todos trapezistas da poesia.

Outros nem tinham nascido ainda naquele agosto de 1979. Mas já brincaram de sonhar em ser Janis Joplin, Rita Lee, Gil, Elis. Ou ninguém. De preferência.

Uns me chegaram há mais. Cauê me é desde criança, emoção de emocionar. Cleomar me chegou quando eu nem era foca, estudante de Jornalismo da UFS, atiçador de anzóis, babalorixá da crônica sergipana, epahê, meu pai. Lara é coisa de muito mistério, tempos de faculdade, a catei de verdade no cubículo de revisão do Cinform. Tem a bochecha risonha, o juízo sério, todo mundo diz que escreve horrores, quero é mais me assustar.

Mingau é um capítulo à parte. O vi de gorrinho magro. Caneta-mouse da revista Imagine SE. Avenca na grama da WG. Agora é meu vizinho de Vila Buarque, pés do Minhocão. Carrega o olho amolado, a alma afiada. Vive cinema. Tem o mais difícil. É dele toda a identidade visual de Anistiados. E a videoinstalação, a partir de 06 de agosto.

Carol e Maruze me vieram numa oficina de criação literária, ano passado, com o professor Antô-nio Carlos Viana e com a própria Maruze. Carol jáinda Carpineja comigo poesia e uca. Professora Maruze evapora o sentimento do mesmo jeito que eu: no bafo de fogueira junina.

Nina veio no meio disso tudo, nem sei como. Uma amiga já tinha me falado dela, outra reforçado, outra aprovado mesmo. Já via antes, agora e sempre. Desafiei na Aperipê, pra ser uma Anistiada. É uma das mais entusiasmadas.

Vladimir eu vi guri, franzino, cabelo comprido, no corredor do colégio Dinâmico. Já é mestre em literatura de presidiário pela Unb. Quero ver sua palavra crescer ainda mais.

Ronaldson, dizem, é de ótima composição. De poesia limpa. Da pura. Não o conheço. Vou provar no dia da abertura. Da sua palavra. E da de todos os outros.

Desencouraçadores da ANISTIADOS:

Carlos Cauê
Cleomar Brandi
Lara Aguiar
Maria Carolina Barcellos
Maruze Reis
Nina Sampaio
Raphael Borges (Mingau)
Ronaldson Sousa
Vladimir Oliveira

2 comentários:

  1. Joana, me manda um email pra gente fazer aquela enrevista sobre a exposição p/ o blog:
    vivalabrasa.blogspot.com

    Estou no aguardo: homembrasa@hotmail.com

    Bjo. ADOLFO

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  2. A exposição está maravilhosa, de um invejável bom gosto e criatividade. Parabéns.
    Wilimar

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